Saiba como realizar um eficiente diagnóstico de aprendizagem, quais instrumentos e estratégias utilizar, quais etapas seguir, como analisar os resultados e usá-los para recuperar as aprendizagens.
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As escolas sempre realizaram diagnóstico de aprendizagem para orientar atividades de intervenção. Mas, diante dos desafios atuais da educação, precisamos potencializar essas ações.
Certamente, todo professor vive um impasse. Por um lado, reconhecemos que os estudantes têm direito a aprender o que está previsto no currículo para o ano de escolaridade em que eles se encontram.
Por outro lado, sabemos que os estudantes não aprendem ao mesmo tempo e da mesma forma. Sempre é preciso retomar alguma habilidade.
Considerando o atual contexto, é importante priorizar aprendizagens essenciais. Muitos alunos não estão alfabetizados dentro da idade esperada. O prosseguimento dos estudos torna-se difícil para o estudante que não desenvolveu as competências de leitura e escrita.
Sendo assim, para recuperar as aprendizagens, principalmente as focadas na alfabetização, o primeiro passo é realizar diagnósticos.
Continue a leitura deste artigo para descobrir o que é preciso para realizar um bom diagnóstico de aprendizagem dos alunos e obter sucesso na intervenção pedagógica.
Relação entre concepção de avaliação e diagnóstico de aprendizagem
Inicialmente, é preciso refletir sobre a concepção de avaliação que vai orientar o diagnóstico. A avaliação é uma tomada de decisão, que mostra qual caminho a seguir.
Sendo assim, avaliar o aluno é uma oportunidade de ter uma orientação sobre como ajudá-lo a avançar. E, por isso, não deve ser para classificar, excluir e punir.
Segundo Azzi (p. 159), o processo de avaliação “é um processo intencional, que deve ser planejado e conduzido de forma sistemática sem, no entanto, desprezar os aspectos informais que emergem no cotidiano escolar”.
Como processo intencional, releva as concepções de ensino e de educação que a escola segue. Se é um processo conduzido sistematicamente exige método e precisa ser planejado.
Vale ressaltar que a avaliação diagnóstica é uma modalidade de avaliação, assim como a avaliação formativa e a avaliação somativa.
O equívoco que muitos professores cometem é acreditar que a avaliação diagnóstica deve ser realizada apenas no início do ano letivo ou de um trabalho pedagógico. Pelo contrário, ela é importante em todo o processo, pois ajuda a diagnosticar os resultados e contribui com as intervenções que se fizerem necessárias na aprendizagem.
O que diz a LDB sobre avaliação diagnóstica
Observe o que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) diz sobre a avaliação diagnóstica:

Diante das normativas, pode-se observar que a avaliação diagnóstica é parte integrante do processo ensino-aprendizagem.
Avaliações internas, sistêmicas e externas no diagnóstico de aprendizagem
O diagnóstico pode prever avaliações internas, sistêmicas e externas. As avaliações internas são planejadas pelos professores ou demais integrantes da equipe pedagógica.
Elas permitem uma análise mais fiel do nível de aprendizagem dos estudantes. São exemplos de avaliação interna: provas, sondagens de leitura e escrita, observação em sala de aula, portfólios, seminários, entre outros.
Já as avaliações sistêmicas são elaboradas pelos sistemas estaduais ou municipais e buscam acompanhar o processo de ensino-aprendizagem ao longo do ano letivo. Têm caráter formativo.
Por sua vez, as avaliações externas, são elaboradas pelo sistema, mas têm o caráter somativo, isto é, visam diagnosticar o desenvolvimento de competências previstas para um ciclo escolar, e por isso, são aplicadas ao final do ano letivo.
Essas avaliações são usadas para orientar a formulação ou reformulação de políticas públicas. São exemplos de avaliações externas, o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (PROEB) e o Programa de Avaliação da Alfabetização (PROALFA).
Importância de utilizar diferentes propostas, instrumentos e estratégias no diagnóstico de aprendizagem
Como visto, realizar diagnóstico da aprendizagem não é algo novo na educação. Mas, diante do contexto e desafios que estamos vivenciando, podemos aprimorar esse diagnóstico. Também é muito importante investir nas práticas e instrumentos de acompanhamento de aprendizagem.
Nesse sentido, as avaliações diagnósticas são a base para elaborar o projeto ou plano de intervenção pedagógica. Ajudam a conhecer a turma, selecionar materiais pedagógicos, definir agrupamentos produtivos, propor atividades de intervenção e definir outros instrumentos de avaliação.
Quando se fala em avaliação diagnóstica, é comum pensar em provas convencionais, xerocadas, muitas vezes, de múltipla escolha. Porém, nem sempre as provas escritas são o melhor instrumento para realizar o diagnóstico de aprendizagem.
Se a avaliação tem o objetivo de verificar o conhecimento do estudante sobre fatos, a prova escrita é apropriada. Contudo, devemos trabalhar as habilidades, sem perder de vista as competências específicas e gerais da BNCC.
Uma vez que a BNCC preza pela constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, mas também o saber fazer. Ou seja, como o que é aprendido na escola pode ser usado na vida cotidiana.
Por isso, é fundamental utilizar diversos instrumentos avaliativos para realizar o diagnóstico de aprendizagem.
Etapas para planejar o diagnóstico de aprendizagem
Inicialmente, para planejar as avaliações diagnósticas devemos definir as expectativas de aprendizagem a partir do currículo.
É preciso selecionar as competências e habilidades com base no que queremos saber se o estudante já consolidou. Acredito que as expectativas não devem ser as que esperávamos antes da pandemia. Pois, nossa realidade é outra e devemos refletir sobre o que esperamos agora diante do atual contexto.
Após selecionar as habilidades que serão utilizadas na avaliação, devemos definir quais respostas ou comportamentos dos estudantes vamos analisar para perceber se a expectativa de aprendizagem foi alcançada, se o estudante está avançando ou não no desenvolvimento de determinada habilidade.
Sendo assim, não se trata de elaborar uma avaliação e depois procurar as habilidades relacionadas. Mas sim, pensar nas habilidades que queremos avaliar e quais elementos vamos utilizar para observar atentamente se as expectativas foram atingidas.
Desse modo, é possível planejar as atividades de avaliação de acordo com nossos objetivos. Uma ação importante nesse momento em que estamos vivenciando, seria elaborar instrumentos diversificados para avaliar os níveis de leitura e escrita dos alunos.
Minha sugestão é que se realize sondagem de leitura e sondagem de escrita, pois elas permitem uma análise detalhada sobre como o aluno está pensando a leitura e a escrita, já que cada um pode aprender de uma maneira diferente.
Essa etapa vai contribuir para a realização de um mapeamento de habilidades. Uma opção, nesse sentido, é fazer um levantamento de aprendizagens por meio de planilhas, sendo que em cada linha colocamos o nome de um estudante da turma e em cada coluna, o resultado alcançado. Se ele consolidou determinada habilidade devemos marcar um X.
Assim, de uma maneira simples, é possível levantar as dificuldades e avanços da turma e também os estudantes que necessitam de mais apoio.
Como realizar um diagnóstico de aprendizagem diversificado

Confira dicas para um diagnóstico de aprendizagem com estratégias diversificadas:
· Realize sondagens individuais, de leitura e escrita;
· Registre e analise as produções de texto dos estudantes;
· Observe atentamente os momentos de produção de conhecimento dos alunos durante as aulas;
· Planeje momentos de autoavaliação para cada aluno, dando oportunidade para que ele reflita sobre o que aprendeu, como aprendeu, o que falta para aprender. Essa tomada de consciência é essencial para que o estudante se comprometa com o próprio processo de aprendizagem.
Análise dos resultados e planejamento das intervenções
Após fazer o mapeamento da turma, e consequentemente, da escola como um todo, chega o momento de analisar os resultados. Toda a equipe precisa se apropriar dos resultados das avaliações internas e sistêmicas.
As escolas e professores podem desenvolver seu próprio instrumento de geração de resultados ou utilizar instrumentos de plataformas como por exemplo, o CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação).
Por meio da análise conjunta dos resultados do diagnóstico de aprendizagem conseguimos planejar melhor as intervenções específicas e elaborar coletivamente, o projeto ou plano anual de intervenção pedagógica.
Como usar os dados do diagnóstico para recuperar as aprendizagens
Tendo os resultados em mãos, o próximo passo é construir o projeto ou plano de intervenção da escola.
Outro ponto importante é realizar a sondagem de escrita e leitura de tempos em tempos, sempre que necessário. Pois há evoluções nos níveis, as quais precisamos acompanhar. Também é fundamental realizar o levantamento numérico das turmas, demonstrando quantos estudantes estão em determinado nível.
Por exemplo, usando as definições de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, podemos indicar quantos alunos estão na hipótese de escrita pré-silábica, na silábica sem valor sonoro, na silábica com valor sonoro, na silábica-alfabética e na escrita alfabética. Depois, podemos reunir os dados e analisar a escola como um todo.
Além disso, é interessante usar o diagnóstico de aprendizagem para montar agrupamentos produtivos, ou seja, agrupamentos de alunos de acordo com os níveis, para que possam interagir nas atividades e assim avançar na aprendizagem.
Outra possibilidade é planejar sequências didáticas, projetos e atividades permanentes. As atividades de recuperação também são fundamentais e precisam ser desafiadoras e instigantes.
Diante do diagnóstico, é importante compreender que não são somente os alunos que têm dificuldade de aprendizagem que vão se beneficiar. Isso porque os demais alunos podem avançar ainda mais quando a escola analisa as especificidades de cada um e planeja atividades condizentes com a realidade diagnosticada.
Conclusão
Diante do exposto, o diagnóstico de aprendizagem é eficaz para orientar e apoiar a recuperação de aprendizagens.
Uma vez que os alunos não aprendem da mesma forma, é preciso diversificar as avaliações diagnósticas e não focar apenas em provas convencionais.
Estamos vivenciando muitos desafios, principalmente, quanto à alfabetização. Portanto, se faz necessário potencializar as ações que as escolas já realizam, como é o caso do diagnóstico de aprendizagem. Enfim, ressignificar o ensino e aprendizagem, e dispor de diversas práticas de acompanhamento desse processo. Considerando sempre as especificidades de cada instituição.
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Referências
AZZI, Sandra. Avaliação Escolar: desafio da educação. In: Coleção Veredas. Módulo 6 – volume 3. Belo Horizonte: SEE/MG, 2004.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394. Acesso em: 25 maio 2023.
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