Os agrupamentos produtivos são muito valiosos na intervenção pedagógica, para a organização da sala de aula de uma maneira que facilite a realização de propostas diferenciadas com estudantes de diferentes níveis de aprendizagem. Compreenda o que são agrupamentos produtivos e confira várias dicas para colocar essa estratégia em prática!
Agrupar os estudantes não é uma novidade. Aliás, os alunos sempre pedem: professora, podemos fazer grupinhos?
Porém, quando se trata de agrupamentos produtivos, não significa fazer grupos por sorteio, por afinidade entre os alunos ou por uma escolha aleatória.
É preciso ter uma intencionalidade e não perder de vista algumas questões que são fundamentais para o sucesso dos agrupamentos. Isso é fundamental para que esta estratégia possa realmente contribuir com a aprendizagem de todos os alunos, em diferentes níveis de aprendizagem.
Se você quer compreender melhor o que são agrupamentos produtivos, como aplicar em sala de aula, além de várias dicas importantes, continue a leitura!
O que significa agrupamentos produtivos?
Quando identificamos que alguns alunos estão com dificuldades ou defasagens na aprendizagem, percebemos que nem sempre essas dificuldades ou lacunas são as mesmas para todos.
Por isso, muitas vezes, uma mesma intervenção pedagógica não funcionará para todos os alunos da turma, já que estão partindo de níveis diferentes.
Quando a turma está organizada de maneira tradicional, com as carteiras em fila, fica muito difícil para a professora ou professor realizar intervenções aluno por aluno. O tempo disponível em uma aula com tantas demandas, não é suficiente para isso.
Nesse contexto, os agrupamentos produtivos podem ajudar bastante.
Os agrupamentos produtivos são uma estratégia que consiste em agrupar alunos com níveis de aprendizagem próximos, para que possam trocar saberes e realizar atividades adaptadas para suas necessidades.
Com isso, desmistifica-se a ideia de que o professor é o único detentor do conhecimento, pois os alunos podem aprender realizando trocas com os colegas.
Estes agrupamentos podem ser realizados por toda a escola ou somente numa sala de aula.
Vale ressaltar que comumente o termo “agrupamentos produtivos” está relacionado à alfabetização, mas essa estratégia pode ser realizada para desenvolver outras habilidades dos anos iniciais, finais e até do ensino médio.
Além disso, é uma ação de intervenção pedagógica muito relevante para auxiliar alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem ou defasagens que afetam o desenvolvimento de habilidades previstas para o ano de escolaridade.
Como realizar agrupamentos produtivos na escola (como um todo)?
No nível da escola, pode ser realizado o agrupamento de maneira multisseriada. Isso significa que os estudantes que possuem necessidades de aprendizagem semelhantes, independentemente do ano de escolaridade em que estão, podem formar um mesmo grupo e participar das mesmas atividades e intervenções.
Por exemplo, sabemos que é comum ter alunos que não consolidaram a alfabetização, mesmo estando no 3º, 4º e 5º anos ou mesmos em séries mais avançadas.
Quando utilizamos a estratégia de agrupamentos produtivos, podemos reunir esses alunos em uma mesma sala de aula e realizar intervenções pedagógicas específicas para o desenvolvimento das habilidades de alfabetização.
Em outra sala, sempre com a mediação de uma professora ou professor, outro grupo de alunos pode participar de intervenções voltadas à produção de textos.
Não é uma estratégia a ser realizada todos os dias. Por exemplo, a escola pode combinar um Dia “D” para realizar os agrupamentos.
Também não precisa ser somente atividades de Língua Portuguesa voltadas à alfabetização, mas também de Matemática, sendo que os demais componentes também podem ser trabalhados. Inclusive, a interdisciplinaridade enriquece o processo.

Como realizar agrupamentos produtivos na sala de aula?
Dentro da sala de aula também é possível realizar os agrupamentos produtivos. Sendo assim, a turma deve ser dividida em grupos, sendo que cada grupo deve ser formado por estudantes com necessidades de aprendizagem semelhantes.
Sendo assim, os grupos não são uma escolha aleatória. Mas, uma decisão embasada pelo diagnóstico e pela percepção que os professores têm a respeito da turma.
Pois é fundamental conhecer bem os estudantes para realizar agrupamentos que sejam realmente produtivos.
Nessa perspectiva, também não podemos pensar que vamos agrupar “alunos de um nível recomendado” em um grupo e “alunos em defasagem” em outro grupo. Isso seria uma prática excludente.
Devemos considerar que existem muitas formas de aprender e diversos fatores que interferem na aprendizagem. Assim, é mais rico agrupar os alunos que estão em um nível próximo, pois eles vão interagir entre si e com a atividade, para que possam avançar no aprendizado.
Por exemplo, para trabalhar habilidades de escrita na alfabetização, uma possibilidade de agrupamento seria:
· aluno pré-silábico com aluno silábico sem valor sonoro;
· aluno silábico sem valor sonoro com silábico com valor sonoro;
· aluno silábico com valor sonoro com silábico-alfabético;
· aluno silábico-alfabético com alfabético.
No caso de alunos com defasagem de aprendizagem, é uma estratégia que permite a aprendizagem entre pares.
Outro ponto a se destacar é que os agrupamentos não precisam ser os mesmos sempre. Eles são flexíveis e podem ser redefinidos quando necessário, tendo em vista uma avaliação contínua do processo.
Também não significa que a turma será agrupada por níveis de aprendizagem todos os dias. Essa é uma estratégia que pode ser realizada duas ou três vezes por semana de acordo com o planejamento da intervenção pedagógica ou recomposição da aprendizagem.

Como planejar as atividades para os agrupamentos produtivos?
Considerando que cada grupo é formado por alunos de determinado nível de aprendizagem e necessidades específicas, as atividades também não podem ser as mesmas para todos os grupos.
Porém, não significa planejar uma atividade completamente diferente para cada grupo.
A atividade pode ser a mesma, com o mesmo objeto de conhecimento, mas adaptada à cada nível de aprendizagem. É o que chamamos de diferenciação pedagógica.
Ou seja, são pequenos ajustes para atender às necessidades de cada grupo, com níveis de complexidade diferentes.
Se a atividade for a mesma, acontecerá o seguinte: alguns grupos realizarão o que é proposto rapidamente e ficarão ociosos e desmotivados.
Por outro lado, outros grupos não conseguirão resolver as atividades, pois ainda não desenvolveram as habilidades prévias para tal, ficarão frustrados e, também desmotivados.
Portanto, cada grupo deve realizar atividades que sejam desafiadoras. Uma vez que é esse conflito cognitivo que fará com que avancem no aprendizado.
Dicas para ter sucesso nos agrupamentos produtivos
· Realize um bom diagnóstico:
É a partir do diagnóstico que você conseguirá identificar e organizar os alunos a partir dos níveis de aprendizagem. Conheça bem o estilo de aprendizagem de cada aluno.
· Comunique aos pais ou responsáveis sobre a proposta:
Explique o objetivo dos agrupamentos e como eles podem contribuir para a melhoria da aprendizagem dos filhos.
· Realize uma motivação para preparar os alunos para os agrupamentos:
Explique que irão realizar uma proposta diferente, com o cuidado de não rotular os alunos, para que não pensem equivocadamente, que vai ter um grupo “dos fracos”.
Leve atividades lúdicas, contação de histórias para se habituarem com a nova proposta e interagirem com os colegas.
· Tenha objetivos claros:
Qual habilidade você precisa desenvolver com os alunos? Qual é a melhor forma de contribuir com o avanço da aprendizagem a partir do que já sabem?
· Elabore um plano de intervenção:
O plano de intervenção serve para planejar e organizar o processo. Consequentemente, ajuda a promover a efetiva aprendizagem dos alunos durante o agrupamento temporário.
· Avalie sempre:
A avaliação deve acontecer no processo e não somente no final. Ela serve tanto para avaliar se os alunos estão progredindo, quanto para entender se as estratégias e recursos estão funcionando para cada agrupamento.
Às vezes, é preciso agrupar novamente quando identificado que o agrupamento não está sendo produtivo.
· Dê um feedback e uma autoavaliação para o grupo:
Por meio de uma devolutiva da professora ou professor, os alunos terão consciência do próprio processo de aprendizagem, da evolução e sobre como melhorar.
Conclusão
Várias escolas têm obtido sucesso com a realização de agrupamentos produtivos.
É um trabalho desafiador, pois estamos acostumados com um formato tradicional de agrupamentos, pois na verdade, os alunos já estão agrupados em classe.
Sendo assim, trata-se de reagrupar, para oferecer novas oportunidades de aprendizagem aos nossos estudantes.