Compreenda a diferença entre recuperação, reforço, recomposição da aprendizagem e intervenção pedagógica para não restar mais dúvidas!
Olá! Que bom ter você aqui!
A existência de muitos termos educacionais, com sentidos próximos pode deixar nossa cabeça confusa. E mais que entender o significado de cada um, temos que colocá-los em prática e nessa hora tem que estar tudo bem claro para não ter confusão.
Compreender a diferença entre recuperação, reforço, recomposição da aprendizagem e intervenção pedagógica não é tarefa fácil. Ainda mais quando se trata de decidir qual o momento certo de aplicar cada uma dessas ações pedagógicas.
Se você assim como eu, já se sentiu confusa em meio a tantas ações, sem saber qual fazer primeiro, quando, como fazer, leia esse artigo.
Nele, falo um pouquinho sobre cada proposta e trago um comparativo entre recuperação, reforço, recomposição da aprendizagem e intervenção pedagógica, tintim por tintim para não restar mais dúvidas.
Venha comigo!
Refletindo sobre recuperação, reforço, recomposição e intervenção pedagógica
Primeiramente, vamos refletir sobre cada um dos termos: recuperação, reforço, recomposição da aprendizagem e intervenção pedagógica.
O que é recuperação?
A LDB no artigo 12, inciso V, dispõe a incumbência dos estabelecimentos de ensino em prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento. O artigo 13 traz as incumbências dos docentes, dentre elas estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento (inciso IV).
No artigo 24, alínea e, a LBD traz como regra da educação básica, a obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino com seus regimentos (BRASIL, 1996).
Nesse sentido, a recuperação é prevista em lei. Ela tem o objetivo de retomar um conteúdo ou habilidade, no qual o aluno não conseguiu os resultados esperados no fim de um processo de ensino-aprendizagem.
Sabemos, portanto, que todos os alunos têm direito à recuperação da aprendizagem, mas a maneira como ela é feita, pode trazer resultados negativos.
Quando o propósito maior é recuperar a nota e não a aprendizagem, a recuperação pode se tornar um fator de exclusão dos alunos com dificuldade. O conteúdo costuma ser abordado rapidamente, geralmente no final dos bimestres e do ano letivo.
Porém, o ideal seria realizar um acompanhamento contínuo da aprendizagem, o que faz a recuperação não ser vista com bons olhos ultimamente.
O que é reforço?
O reforço não é pontual como a recuperação. Ele pode ser aplicado durante todo o ano letivo quando o aluno está com dificuldade de compreender e precisa de um aprofundamento em determinado conteúdo ou habilidade.
Pode acontecer no contraturno ou mesmo no mesmo turno, quando o aluno é acompanhado pelo(a) professor(a) eventual ou da biblioteca.
Em alguns casos, são contratados professores especificamente para as aulas de reforço em Língua Portuguesa e Matemática.
Sendo assim, o reforço é uma ação muito necessária e relevante. Contudo, quando as aulas de reforço repetem a mesma estrutura das aulas aplicadas em sala de aula, não conseguem êxito.
Isso acontece porque se o aluno não aprendeu da maneira como foi ensinado na sala de aula, não faz sentido repetir a mesma coisa. É preciso inovar e buscar novas estratégias para que a aprendizagem aconteça.
O interessante do reforço é justamente oferecer um ensino personalizado, de acordo com os ritmos e necessidade de cada um. Entretanto, não significa que o reforço tenha que ser somente individual, pois é possível formar grupos de alunos com saberes e níveis de aprendizagem próximos.
O que é a recomposição da aprendizagem?
A recomposição da aprendizagem é um termo novo e vem sendo muito utilizado depois da pandemia. Durante o período de paralisação das escolas, mesmo utilizando aulas remotas, a educação escolar foi muito prejudicada.
Ainda mais para alunos que não tinham acesso à internet de qualidade ou que não tinham um apoio para os estudos em casa, considerando também que muitas famílias têm baixa escolaridade. Sabemos que a desigualdade social no Brasil é muito grande.
Assim, a recomposição da aprendizagem foi introduzida nas escolas com o intuito de retomar todo o processo de ensino-aprendizagem que não foi consolidado durante a pandemia.
Por isso, a recomposição é um termo mais amplo e pode englobar a recuperação e o reforço também como estratégias para que ela aconteça. Ela também é uma proposta que visa acelerar a aprendizagem.
Compreender a recomposição da aprendizagem envolve a compreensão de outros termos relacionados, apresentados a seguir. Acompanhe:
Flexibilização e priorização curricular na recomposição da aprendizagem
A flexibilização curricular é um conceito amplo. Já existia antes da pandemia, pois o currículo deve ser por natureza, flexível, uma vez que as instituições fazem escolhas, adaptações, intencionalmente ou não.
Seguindo esse raciocínio, a priorização curricular faz parte da flexibilização. Dentro do currículo há uma priorização de habilidades essenciais a serem ensinadas. No contexto atual, essa priorização tem sido muito importante para superar as consequências da pandemia na educação.
A flexibilização do currículo não envolve apenas selecionar habilidades e objetos de aprendizagem prioritários. Também exige um olhar atento para as especificidades de cada escola, de cada contexto, para entender qual aprendizagem é mais significativa para cada situação.
Essas propostas demandam uma mudança na organização das atividades pedagógicas, uma vez que o ensino tradicional não mais atende aos novos desafios de hoje. É preciso planejar a partir das habilidades prioritárias e das necessidades da turma.
Para isso, é indispensável realizar avaliações diagnósticas assertivas para mapear as necessidades e potencialidades dos estudantes. E também, fazer um bom acompanhamento da aprendizagem.
O que é intervenção pedagógica?
A intervenção pedagógica é realizada sempre que há necessidade de intervir em alguma dificuldade do aluno. É uma tarefa constante do professor planejar, executar, monitorar e intervir quando necessário.
Dessa forma, a intervenção pedagógica pressupõe um cuidado com a aprendizagem de cada aluno, vista de perto. Quando o aluno não consolida determinada aprendizagem, repetir o que já foi feito, não resolve.
É preciso buscar recursos e estratégias para interferir na aprendizagem e evitar que o aluno siga os estudos com aquela dificuldade.
Para saber mais sobre a Intervenção pedagógica, leia também: https://pedagogiaparatransformar.com.br/compreenda-o-que-e-intervencao-pedagogica-de-uma-maneira-simples/
Comparação entre recuperação, reforço, recomposição da aprendizagem e intervenção pedagógica
Após compreender melhor cada um dos termos, vamos fazer um comparativo entre eles. Apesar de serem conceitos diferentes, muitas vezes, eles se relacionam e não são aplicados separadamente, afinal todos atuam no processo de ensino e aprendizagem.
Recuperar a aprendizagem nos faz pensar que o professor ofereceu o ensino, mas que por algum motivo, o aluno não conseguiu atingir o nível de aprendizado esperado. Ou seja, as habilidades foram vistas, mas não foram consolidadas.
Quando o objetivo não é apenas recuperar a nota e sim a aprendizagem, a recuperação pode ser uma estratégia de intervenção pedagógica em momentos específicos, juntamente com os agrupamentos temporários e atividades diversificadas em sala de aula.
A intervenção pedagógica retoma habilidades que não foram aprendidas no ano anterior ou mesmo no bimestre anterior e busca melhorar o desempenho dos estudantes. Mas, é recomendado intervir na aprendizagem sempre e não deixar a dificuldade acumular para depois buscar uma solução.
Uma grande dúvida é: cuido dos alunos com dificuldade de aprendizagem e deixo os outros para lá? A boa resposta é que a intervenção pedagógica não precisa ser destinada apenas para alunos com dificuldade de aprendizagem.
Os agrupamentos temporários ajudam nesse sentido. Pode-se realizar grupos de acordo com o nível de aprendizagem dos estudantes e propor atividades diferentes, direcionadas para a necessidade de cada grupo.
E assim, todos podem avançar a partir do que sabem. Afinal, mesmo sabendo muito, ainda há sempre o que aprender e progredir.
Quando o aluno tem uma grande defasagem na aprendizagem e não consolidou habilidades ao longo da trajetória escolar, o reforço é uma estratégia mais potente. Ele busca retomar habilidades de Língua Portuguesa e Matemática, principalmente, que não foram ensinadas ou aprendidas.
O ideal é planejar as atividades de reforço a partir do aproveitamento escolar e dos resultados das avaliações internas e externas.
Portanto, a recuperação, o reforço e a intervenção visam recuperar ou retomar habilidades que foram ensinadas, mas não foram aprendidas. Já a recomposição da aprendizagem significa retomar habilidades que não foram ensinadas e, portanto, não aprendidas durante o período pandêmico.
Sendo assim, na recomposição planejamos as atividades e estratégias com base nas habilidades-foco, ou seja, essenciais, prioritárias.
Conclusão
Como vimos, os termos recuperação, reforço, recomposição e intervenção pedagógica são diferentes, mas se complementam.
No fundo, utilizamos esses termos para traduzir os esforços na educação em busca de igualdade, para não deixar ninguém para trás, mesmo tendo dificuldade. Pois, todos temos a capacidade de aprender, embora em ritmos e maneiras diferentes.
Porém, para que isso aconteça e todas as propostas atinjam seus objetivos, é preciso repensar o ensino. Sem uma avaliação diagnóstica de qualidade e monitoramento da aprendizagem, como identificar o que é necessário recuperar, retomar, intervir, recompor?
Sem estratégias, recursos e instrumentos diversificados também não é possível ter êxito nessas propostas.
Leia também: As 8 melhores estratégias para recomposição da aprendizagem
Até breve!
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. <Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em: 16 nov. 2023.