Como facilitar a resolução de problemas matemáticos para alunos com dificuldade de aprendizagem: 11 dicas

Você precisa de estratégias para facilitar a resolução de problemas para alunos com dificuldade em matemática? Neste post, você encontra várias dicas. 

Olá! Que bom ter você aqui!

Ensinar matemática para alunos com dificuldade de aprendizagem exige sensibilidade, criatividade e estratégias bem pensadas.

Quando o assunto é resolução de problemas, as dificuldades são frequentes. Para alguns estudantes, interpretar o enunciado, organizar as informações e decidir por onde começar já é meio caminho da batalha.

Mas a boa notícia é que, com os recursos certos e um olhar atento para as necessidades individuais, é possível transformar essa experiência em um momento de aprendizagem e fortalecimento da confiança.

Preparei várias dicas que são muito úteis para facilitar a resolução de problemas matemáticos para alunos com dificuldades de aprendizagem. Confira!

Dica 1: Reflita sobre a sua concepção a respeito de problema em matemática

Uma prática comum é ensinar algum conteúdo de matemática, apresentar exemplos e propor atividades em que os alunos precisam aplicar o que foi ensinado.

Nesse sentido, as atividades seguem o mesmo conceito dos exemplos que foram apresentados na aula expositiva.

Mas, será que isso é verdadeiramente um problema matemático?

Uma reflexão que acho muito interessante, realizada por Mabel Panizza diz o seguinte:

Qual seria o obstáculo que um aluno pode enfrentar se os problemas que lhe são oferecidos são sempre os mesmos? Por que se empenharia na busca de novos modos de resolução se com o que sabe consegue resolver? Como poderia decidir quais procedimentos utilizar se o professor lhe “dita” o que deve fazer? A aprendizagem termina, nesse caso, transformando-se em um ato de “fé”: tem de fazer procedimentos porque o professor lhe pede, tal e como lhe pede” (PANIZZA, 2006, p. 51).

Dica 2: Investigue qual é a dificuldade dos alunos

A resolução de problemas matemáticos envolve muitas habilidades. Geralmente, os alunos têm mais facilidade em resolver “continhas” do que situações-problema.

Por isso, devemos investigar em que parte está a dificuldade.

  • O aluno consegue ler e compreender o problema?

Muitas vezes, o aluno ainda não consolidou a alfabetização e isso interfere no aprendizado da matemática. Além de decodificar, ele precisa compreender e lembrar do que leu.

Sendo assim, quando o aluno apresenta essa dificuldade, leia o problema para ele. Além de oferecer intervenções pedagógicas direcionadas para a leitura.

  • O estudante entende o vocabulário utilizado?

Às vezes, o aluno consegue ler o problema, mas não entende o significado de algumas palavras. Então, faça um pequeno glossário e explique as palavras que os estudantes ainda não conhecem.

  • O aluno consegue identificar a operação correta?

Investigue se o aluno confunde no momento de escolher a operação, por exemplo, ele seleciona os dados, mas em vez de multiplicar, ele soma.

Nesse caso, trabalhe mais a interpretação e reforce os sentidos de cada operação.

Outra intervenção é apresentar uma conta, por exemplo, 12×4, e pedir para o estudante elaborar um problema para ela. Pois assim, ele precisa refletir sobre o significado da operação para formular o problema.

  • O estudante consegue fazer as contas?

O estudante escolhe a operação correta, mas não consegue calcular corretamente?

Então, é preciso retomar as operações que ele tem mais dificuldade.

Dica 3: Trabalhe a compreensão em leitura também com os problemas matemáticos

Um grande problema de colocar cada disciplina em uma “caixinha” separada, é esquecer da relação entre elas.

Em matemática também podemos trabalhar a compreensão em leitura. Pois, principalmente nos dias de hoje, é perceptível a grande dificuldade dos alunos em compreender as informações que leem. Com isso, a resolução de problemas matemáticos fica comprometida.

Continue a leitura para conhecer estratégias para facilitar a resolução de problemas matemáticos para alunos com dificuldade de aprendizagem:

Dica 4: Divida o problema matemático em etapas pequenas

Quando os alunos têm muita dificuldade em interpretar os dados do problema e compreender o que está sendo pedido, uma estratégia eficiente é dividir o problema em etapas.

Uma boa estratégia é fazer um organizador gráfico com perguntas para o aluno ir respondendo, passo a passo, para interpretar e pensar em uma maneira de resolver o problema.

Outras estratégias que ajudam bastante:

  • Destacar números e palavras-chave do problema.
  • Representar o problema com desenhos ou tabelas.
Exemplo de organizador gráfico para dividir o problema matemático em etapas pequenas para facilitar para alunos com dificuldade.

Dica 5: Faça perguntas que ajudem os alunos a pensar

Fazer intervenções com boas perguntas ajuda os alunos a relerem o problema com atenção, recuperando as informações mais importantes, refletindo e pensando na melhor maneira de resolver.

Sabemos que oferecer respostas prontas não favorece a aprendizagem e desenvolvimento da autonomia. Responder perguntas com outra pergunta é uma excelente maneira de desenvolver a metacognição.

Dica 6: Escolha problemas que tenham significado para os estudantes

É importante contextualizar as situações-problema com a realidade dos alunos

Afinal, se as crianças leem e não conseguem imaginar a situação descrita porque é muito distante da realidade deles, a dificuldade aumenta.

Dica 7: Disponibilize materiais concretos para os alunos

Alguns alunos têm dificuldade em assimilar conceitos abstratos. Colocar à disposição, materiais concretos ajuda muito no aprendizado. Por exemplo: 

  • Material Dourado, 
  • Escala Cuisenaire, 
  • miçangas, palitos de picolé, tampinhas, entre outros.

Você pode preparar uma caixa matemática e deixar no cantinho da sala para quando precisarem de algum material de apoio, eles mesmos possam buscar na caixa.

Mesa com vários materiais concretos para ilustrar que esses recursos facilitam a resolução de problemas na matemática.

Dica 8: Utilize recursos visuais para simplificar os conceitos

Para os alunos que são mais visuais, alguns recursos facilitam a compreensão, tais como:

  • Esquemas, 
  • Organizadores gráficos, 
  • Mapas conceituais 

Parece possível que a matemática visual consiga contribuir para a equidade, para valorizar formas diferentes de raciocínio dos alunos, assim como estimular o profundo engajamento, pois vimos que todos ficaram animados ao ver ideias matemáticas, e, a partir disso, eles desenvolveram níveis mais complexos de compreensão e desempenho”. (Jo Boaler, 2016, p. 14)

Dica 9: Permita que os alunos escolham suas próprias estratégias

Não “force” os alunos a escolherem uma operação específica. Alguns problemas podem ser resolvidos de várias formas. Por exemplo, a princípio acreditamos que é melhor resolver com uma adição, mas de repente uma subtração também funciona.

Quando os alunos perguntam: “professora, é de mais ou de menos?” é um indício de que eles foram “mal-acostumados” a utilizar uma operação específica, sem refletir e relacionar o sentido do problema ao conceito matemático.

Do mesmo modo, exigir que os alunos utilizem somente o algoritmo tradicional impede que eles façam suas próprias descobertas com a matemática.

Os estudantes com dificuldades de aprendizagem geralmente não compreendem o algoritmo convencional. Diante disso, oferecer a possibilidade de resolver os problemas matemáticos por meio de procedimentos diferentes, encoraja os alunos a tentarem e os motiva em relação à matemática.

Sobre esse assunto, leia também:

Dica 10: Dedique um tempo para a turma conversar sobre os problemas matemáticos

Estudantes levantando as mãos como se estivessem motivadas a participar da aula, para ilustrar que conversar sobre as estratégias que usaram para resolver os problemas matemáticos ajuda os alunos a aprenderem melhor.

Sei que é complicado, porque existe uma pressão em cima dos professores em ter que “encher” os cadernos.

No entanto, dê um tempo para os estudantes processarem e interpretarem o problema. Quando terminarem de resolver um problema matemático, permita que eles conversem, expliquem para os colegas como resolveram e comparem as estratégias que utilizaram.

Vale relembrar uma dica anterior, que é permitir que os alunos resolvam os problemas utilizando as próprias estratégias. Pois, se apresentarmos um único modelo de resolução não há o que trocar com os colegas.

O legal é que surjam numa mesma turma, diferentes procedimentos para resolver um mesmo problema, pois assim, há espaço para troca de ideias, inclusive para entender os erros.

Dica 11: Proponha atividades em grupo

Agrupar alunos com níveis de aprendizagem próximos ajuda-os a avançar na aprendizagem. 

A interação entre pares beneficia os alunos com dificuldade de aprendizagem, pois eles precisam explicar o próprio pensamento e ao mesmo tempo ouvir o que o colega tem a dizer, precisam entrar em consenso e enfim, aprender com as ideias do outro.

Referências

BOALER, Jo; CHEN, Lang; WILLIAMS, Cathy; CORDERO, Montserrat. Ver para entender: a importância da matemática visual para o cérebro e o aprendizado. Tradução de Youcubed Brasil. 2016. Disponível em: https://www.youcubed.org/wp-content/uploads/2018/05/Ver-para-Entender.pdf. Acesso em: 14 ago. 2025.

PANIZZA, Mabel. Ensinar matemática na educação infantil e nas séries iniciais: análise e propostas. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Imagens: Canva

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