Plano de Intervenção Pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem: o que não pode faltar!

Tem dúvidas sobre o que é necessário para fazer um bom plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem? Confira dicas valiosas!

Olá! Que bom ter você aqui!

O plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldades é um documento que auxilia no planejamento e execução das intervenções na aprendizagem. Sabemos que os alunos não aprendem da mesma forma e ao mesmo tempo. Vários fatores interferem no processo de ensino e aprendizagem.

Sendo assim, sempre é preciso realizar intervenções pedagógicas. Não se trata de querer homogeneizar a turma, até porque é impossível. Mas, sim dar a oportunidade para que cada aluno possa avançar a partir do que já sabe, de acordo com seu próprio ritmo e jeitinho de aprender.

Para elaborar um plano de intervenção pedagógica, não existe um modelo padrão, pois cada escola pode construir o plano de intervenção de acordo com sua realidade.

Contudo, algumas dicas podem facilitar e muito na elaboração de um plano que vai fazer a diferença em sua turma ou escola!

Confira!

Diferença entre dificuldade de aprendizagem e defasagem na aprendizagem

Primeiramente, convém destacar que um plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem é diferente de um plano voltado para a defasagem de aprendizagem.

Quando há alguma defasagem significa que o ritmo de aprendizagem foi interrompido, por algum motivo. Depois da paralisação das escolas durante a pandemia percebe-se uma grande defasagem. Nesse caso, propomos uma intervenção e o resultado costuma ser rápido.

quando há dificuldade de aprendizagem, é preciso um olhar mais atento para encontrar as causas e propor uma intervenção. E além de intervir, temos que fazer um acompanhamento para avaliar se essas intervenções estão sendo assertivas. Por isso, o plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem demanda mais tempo e recursos. É um processo que pode ser demorado.

Causas da dificuldade de aprendizagem

A dificuldade de aprendizagem pode ter várias causas. Além dos fatores biológicos, ela pode ser causada por fatores pessoais, culturais, sociais ou sensoriais. Às vezes, o aluno passa por dificuldades financeiras, não tem uma nutrição adequada, passa por situações de conflito na família, sofre violência ou a família não incentiva os estudos. Esses são só alguns fatores que influenciam na aprendizagem.

É muito comum também, o estudante não se identificar com as propostas de ensino. As aulas expositivas, por exemplo, são mais cansativas. Se o aluno tem dificuldade de concentração, depois de alguns minutos, ele vai perder o foco e não vai compreender o que o professor está passando.

Antigamente, quem tinha dificuldade de aprendizagem era taxado de “burro” e era até mesmo castigado com palmatórias. Eu já ouvi relatos de familiares que passaram por isso. Imagina o quanto isso pode prejudicar a vida de alguém.

Na época, acreditava-se que só existia uma maneira de aprender: aquela que o professor estava propondo. Se o aluno não aprendia era responsabilidade somente dele e, pronto! Não buscavam outras possibilidades de ensinar.

Isso não significa que os professores eram ruins, mas que ainda não tinham conhecimento sobre o funcionamento do cérebro e como os seres humanos aprendem.

Hoje, temos vários estudos que mostram que todos nós temos a capacidade de aprender. A neurociência esclarece muitas coisas. Entendemos que pessoas diferentes não aprendem da mesma forma, nem ao mesmo tempo.

Nesse sentido, aquele aluno que se distrai nas aulas expositivas, pode ter muita facilidade de aprender quando a aula tem materiais concretos, recursos coloridos e chamativos, problemas para resolver.

Quem nunca se surpreendeu com alunos que têm muita dificuldade de aprendizagem, mas que durante aulas diferenciadas, como por exemplo, jogos de raciocínio, dobraduras, fazem com a maior facilidade. Imagina como isso é bom para a autoestima de alguém que não se sente capaz de aprender.

Daí a importância de oferecer aulas diferenciadas, para contemplar as múltiplas formas de aprender e particularidades dos estudantes.

Confira o que não pode faltar para realizar intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem.

8 detalhes que não podem faltar no plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem

1.    Diagnóstico inicial

Muitas pessoas querem um plano de ação pronto, às vezes, o mesmo de outra escola. No entanto, cada realidade é única. O plano pode ser ótimo, bem escrito e perfeito, mas se ele não atende à sua particularidade, vai ser pior porque é trabalho jogado fora.

Então, se eu quero um plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem eu preciso saber quais são as causas dessa dificuldade.

Vou fazer uma analogia com a área da saúde. Se eu tenho dor de cabeça, esse é um sintoma. Existem vários remédios para dor de cabeça e uma amiga pode me indicar um que ela usa e que é ótimo para ela. Porém, tomo o remédio, alivia um pouco, mas não resolve: a dor de cabeça continua.

Resolvo ir ao médico e ele pede alguns exames. Para que servem os exames? Para diagnosticar. Por fim, o médico descobre que estou com problemas no estômago. Faço o tratamento com remédios para melhorar o estômago e adivinhe? A dor de cabeça sumiu.

Agora, imagine que a dificuldade de aprendizagem é a dor de cabeça. Se eu não fizer um diagnóstico, não vou conhecer as causas e não vou solucionar o problema. Você deve estar se perguntando: mas, eu já sei bem quais são as causas.

Acontece que temos que registrar, documentar com indícios, sem cair nos “achismos”. Quando é feito esse trabalho, se tem mais clareza da situação e é possível identificar outras causas desconhecidas até então.

Para saber mais sobre como realizar diagnóstico de aprendizagem, leia também: https://pedagogiaparatransformar.com.br/como-realizar-diagnostico-de-aprendizagem-dos-alunos/

2.    Registros da intervenção pedagógica

Seja por meio de relatórios, formulários, planilhas, é importante registrar as principais dificuldades dos alunos. Além de ser uma maneira mais eficaz de visualizar os resultados, o registro é um facilitador para agrupar os estudantes. Você pode fazer agrupamentos temporários (na sala de aula) ou agrupamentos intermitentes (caso atue fora da sala de aula).

Os registros são importantes no início, durante e final do processo de intervenção pedagógica. Durante a realização das atividades é possível registrar em relatórios, fichas e portfólio. É interessante usar o portfólio para acrescentar fotos.

Ao final de uma intervenção, é preciso registrar se houve avanços, ou seja, se os objetivos foram atingidos. Muitas vezes, é preciso buscar outras estratégias, (re) planejar, pois como foi dito anteriormente, o plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade demanda mais tempo.

3.    Agrupamentos por níveis de dificuldade

Nessa ação da intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem, os alunos são agrupados por dificuldades próximas. É a famosa aprendizagem entre pares, na qual os alunos com necessidades próximas (mesmo porque é impossível formar grupos homogêneos), interagem entre si para avançar na aprendizagem.

Assim, é possível planejar atividades iguais para esse grupo, direcionadas para o aprendizado que precisam no momento. O que viabiliza a realização da intervenção pedagógica, visto que o público-alvo geralmente é grande e os recursos humanos são poucos para dar conta dessa demanda.

4.    Atividades de intervenção pedagógica adequadas

Se você seguiu os passos anteriores, já sabe quais as dificuldades em que precisa intervir, sabe o que cada grupo precisa. Então, tem meio caminho andado.

Agora, é preciso selecionar atividades adequadas ao nível de aprendizagem e que possibilitem um avanço. As tarefas não podem ser fáceis demais, mas precisam desafiar os estudantes a confrontarem suas hipóteses e avançarem no conhecimento.

Para cada realidade, é necessário identificar qual instrumento e qual estratégia podemos utilizar para facilitar a aprendizagem.

5.    Planejamento com estratégias diversificadas

Faça um planejamento no qual o estudante é o centro. Às vezes, é preciso mudar a abordagem, o plano, ou seja, (re) planejar. Esse trabalho é constante: planejar, colocar em prática, avaliar e replanejar quando necessário.  

Quando se fala de estratégias ou recursos diversificados é comum vir na cabeça a ideia de atividades difíceis de planejar, com materiais caros, que vão consumir o tempo do professor, que, aliás, é quase integralmente dedicado à escola.

Contudo, é possível utilizar ideias criativas simples, mas que trazem um bom resultado. Quantos recursos é possível fazer, utilizando papelão, tampinhas de garrafa pet… Nas escolas também é possível encontrar recursos que, muitas vezes, ficam guardados e ninguém lembra. O material dourado, por exemplo, é ótimo para usar nas aulas de matemática.

Uma vez que os alunos com dificuldade de aprendizagem têm a autoestima baixa, estão desmotivados, atividades lúdicas e diferenciadas são muito mais eficazes. Quanto mais prender a atenção, melhor.

Aliás, aprender brincando é uma proposta incrível! Você pode abusar dos jogos pedagógicos.

Modalidades organizativas na intervenção pedagógica

O planejamento de atividades pode seguir as modalidades organizativas, propostas por Delia Lerner:

·         Projetos didáticos: os conteúdos são organizados a partir de uma situação-problema e culminam em um produto final. Pode durar semanas ou meses.

·         Sequências didáticas: atividades articuladas, que seguem uma sequência e gradação por nível de dificuldade. As atividades não podem ser isoladas. A duração é menor que a de um projeto.

·         Atividades permanentes: são atividades que seguem uma regularidade (todos os dias, toda semana, de quinze em quinze dias ou todo mês). Por exemplo, a leitura pelo professor será realizada todos os dias. Busca construir procedimentos, hábitos e atitudes.

Metodologias ativas na intervenção pedagógica

As metodologias ativas permitem que o aluno seja ativo na construção do conhecimento, esteja na posição de protagonista. Alguns exemplos são: sala de aula invertida, rotação por estações, estudos de caso, gamificação e storytelling.

6.    Educação socioemocional no plano de intervenção pedagógica

Mais que aprendizagem de conteúdos, a intervenção pedagógica pode e deve fortalecer a autoestima, a motivação, o interesse em aprender. As habilidades socioemocionais devem ser trabalhadas com todos os alunos e podem ser fortalecidas na intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem.

A BNCC prevê o desenvolvimento de 5 competências: autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável.

Sugere que o professor tenha clareza dessas competências, apoie e monitore o desenvolvimento dos alunos:

“Por exemplo: criando estratégias em que um aluno que apresente maior conhecimento do tema abordado possa auxiliar aqueles que apresentem maior dificuldade e seja valorizado por isso, bem como incentivando e apoiando o aluno que apresenta maior dificuldade no tema em questão a falar sobre suas limitações com os demais. O grupo como um todo pode apoiar as decisões tomadas para a resolução dessa atividade de modo positivo, respeitando as limitações e valorizando ações pró-sociais (BNCC).”

Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/aprofundamentos/195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-protecao-a-saude-mental-e-ao-bullying

A roda de conversa é uma estratégia simples e valiosa. Os alunos podem expor seus sentimentos, dificuldades, desenvolver a empatia, propor soluções em conjunto.

As atividades lúdicas com as carinhas de emoções também são uma ótima aposta, pois quem tem dificuldade de falar sobre os próprios sentimentos, pode escolher uma carinha que represente o que está sentindo.

7.    Ações de parceria entre escola e família

O projeto de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem deve envolver também a família. Tanto para informar as ações que a escola está fazendo quanto para envolver a família a adotar meios para contribuir com o aprendizado desses estudantes.

A escola pode sugerir estratégias para a família incentivar os estudos, dar suporte emocional, promover a literacia familiar, entre outras.

Além disso, você já deve ter observado que para muitas famílias, a escola não faz nada. A equipe está se matando de trabalhar e ninguém percebe. Com todos os dados registrados você tem a possibilidade de apresentar em reuniões e mostrar os resultados. Contra provas, não há argumentos, não é mesmo?

8.    Avaliação no plano de intervenção pedagógica

Tendo os registros de tudo, você vai avaliar constantemente. Por meio da avaliação diagnóstica, não somente no início do ano letivo, mas quando há a necessidade de avaliar em qual nível de aprendizagem os alunos estão.

Por meio da avaliação formativa para acompanhar todo o processo de intervenção pedagógica. E no final, a avaliação somativa para avaliar os resultados alcançados.

Em relação à avaliação formativa, trago uma proposta diferente. O plano de intervenção é destinado a alunos com dificuldade de aprendizagem e queremos que eles sejam protagonistas, certo?

Então, que tal permitir que eles mesmos, avaliem o próprio aprendizado? Isso é possível quando utilizamos uma rubrica avaliativa.

A rubrica tem o formato de uma tabela, na qual as linhas apresentam os objetivos de aprendizagem ou competências. E as colunas descrevem os níveis de qualidade, isto é, como os alunos se classificam desde um nível insatisfatório até um avançado.

Dessa forma, os estudantes podem utilizar a rubrica para fazer uma autoavaliação e identificar em que nível se reconhecem dentro do critério de que está sendo avaliado.

CritérioNível 1Nível 2Nível 3Nível 4
Colocar o objetivo de aprendizagem ou competência trabalhada.
 
Exemplo: foco e participação nas atividades
Algo que acontece, mas não queremos que seja assim.
Exemplo: Não me concentro nas atividades, não contribuo com meu grupo.
Bom ou razoável, mas não é o lugar que queremos chegar.
Exemplo: Às vezes, me concentro na atividade, mas os colegas ou professor(a) precisa me lembrar de continuar a tarefa.
Houve um avanço, mas ainda é possível avançar mais.
Exemplo: Consigo focar nas atividades e contribuir com meu grupo.
Representa o que é esperado, ou seja, o aluno alcançou o objetivo ou competência.
Exemplo: Consigo focar nas atividades, contribuir com meu grupo e trazer novas ideias para ajudar meus colegas que estão com dificuldade.
Colocar outro objetivo de aprendizagem ou competência trabalhada e assim por diante.
Exemplo: motivação nos estudos
Exemplo: Não me preocupo em aprender.Exemplo: Quero aprender, mas não me sinto motivado.Exemplo: Gosto de aprender, realizo as atividades com motivação.Exemplo: Adoro aprender, tenho motivação para estudar. Busco novas estratégias para facilitar meu aprendizado, como leituras, esquemas, mapas mentais, entre outras.
Exemplo de como planejar uma rubrica avaliativa

Modelo de plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem

Não existe uma estrutura ou modelo correto ou não, pois o importante é ter um plano viável e adequado às necessidades de aprendizagem e ao contexto da escola. Seguindo as dicas do que não pode faltar, não tem erro!

Veja a seguir uma sugestão de estrutura:

Se você precisa de um guia completo para elaborar um projeto de intervenção pedagógica, com exemplos, modelos e fichas para registrar as intervenções, tenho um E-book que vai te ajudar muito.

Relembrando, para fazer um plano de intervenção pedagógica para alunos com dificuldade de aprendizagem, você não pode esquecer de:

Deixe um comentário! E volte sempre!

Deixe um comentário